
Revista Eletrônica - Letras Lusitanas
JOSÉ SARAMAGO
27/11/2014 07:33A JANGADA DE PEDRA
A jangada de pedra conta a história fictícia da Península Ibérica que se afasta do continente Europeu e segue rima uma viagem pelo Oceano Atlântico. Saramago relata a epopeia dos povos ibéricos que se separam geograficamente do continente europeu, a península se desprende da Europa e passa a vagar oceano atlântico por uma viagem fantástica com seus personagens que ora cada um vivencia estranhos fenômenos. Os cincos personagens um a um se unem ao grupo e ao longo da viagem pelo oceano acontecem vários acontecimentos.
A narrativa começa com a personagem de Joana Carda que ao andar pelo interior de Portugal risca o chão com uma vara de negrilho e nesse momento o chão se abre não tendo uma justificativa a esse fenômeno. Da mesma forma acontece com o personagem de Joaquim Sassa que passeia pela praia do norte de Portugal e joga pedras ao mar e essa toma uma distância maior que a força que foi lançada, Pedro Orce sente a terra tremer, sedo o único a sentir tal fenômeno, José Anaiço é um personagem que toda a narrativa é seguido por uma nuvem de estorninhos e Maria Guavaira que no percurso da narrativa desmancha uma meia velha ,por fim, o grupo é acompanhado pela presença do cachorro que vira o guia de todos.
Saramago dentro da fábula apresenta através da sua obra um novo olhar, o rompimento da península na verdade é um acordar para olhares futuros onde Portugal e Espanha deve romper com a velha Europa uma forma de amadurecimento, um rompimento metafórico na perspectiva de mudanças, não com as mesmas atitudes, um olhar para que realmente seja importante, ou uma nova era. No final da viagem quando a terra para de tremer e cada personagem volta menos Pedro Orce que quando não sente, mas o tremor morre. Também acontece a gravidez de Maria Guavaira e Joana Carda que tiveram relações com Pedro Orce, não só Joana e Guavaira engravidam bem como todas as mulheres da península simbolizando dessa forma a união entre Portugal e Espanha, as gerações futuras resultado da união da Espanha (Pedro Orce) e dos portugueses (Joana e Guavaira). A separação da península é uma crítica que o autor faz a política e as ideologias entre Portugal e Espanha. Da mesma forma que A JANGUADA DE PEDRA é um romance histórico e ficcional também retrata o realismo maravilhoso e o fantástico, pois a particularidade da passagem que cada personagem vivencia marca o realismo maravilhoso caracterizado na literatura contemporânea. O realismo maravilhoso que a obra exibe com a denúncia do descaso europeu com o povo ibérico, de uma forma aprazível e ao mesmo tempo cheio de ironias e críticas que caracteriza a visão de Saramago.
AS INTERMITÊNCIAS DA MORTE
“No dia seguinte ninguém morreu”, é dessa forma que inicia e finaliza a narrativa da obra As Intermitências da Morte. Fiel ao estilo e ainda mais sarcástico e irônico, Saramago vai além das reflexões existenciais, fazendo uma dura critica a sociedade moderna ao retratar as relações da igreja, do governo, do clero, da família, da máphia e de outros seguimentos. Usando um cenário ficcional para criticar a sociedade Portuguesa.
A narrativa da obra é rica em diversidade, alia-se a uma tendência de desconstrução fazendo com que o narrador em Jose Saramago dialogue com o leitor. Rompendo o fluxo ficcional para a discussão sobre a narrativa.
A obra fala sobre a vida, a morte, o amor e o sentido ou falta dele, da nossa existência. É ampla em discussão e nos faz refletir sobre todas essas temáticas ao questionar sobre nosso próprio posicionamento sobre a nossa existência.
A CAVERNA
A Caverna- 2000, conta a historia de uma família, composta por Cipriano Algor que tem sessenta e quatro anos, é oleiro de profissão, seu genro Marçal Gancho casado com Marta, esta ajuda na fabricação das louças de barro. Com o avanço de tecnologia o Centro para de encomendar suas peças de barro e passa a comprar peças de plástico,com a olaria em crise, Cipriano e Marta resolvem mostrar algo diferente ao Centro, fabrincando-lhes seis tipos de bonecos de barro.
Na obra o autor utiliza frases e períodos compridos. O discurso é indireto livre, existe a presença de um narrador onisciente que nos conta a história em terceira pessoa.A história do livro se passa na cintura agrícola e no Centro, o cão Achado é um animalmais humano que os outros personagens, ele representa os momentos de alegria e esperança da família Algor.
O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS
O livro, o Ano da Morte de Ricardo Reis, é um romance escrito por José Saramago a respeito do heterônimo de Fernando Pessoa - Ricardo Reis. É uma obra de ficção que carrega esse título para dar fim ao heterônimo que Fernando Pessoa criou, mas com sua morte não houve um desfecho para o enredo, visto que Reis era um personagem que continuava vivo com isso Saramago tomou a decisão de continuar a obra e por fim na estória.
No enredo o personagem Reis retorna a Portugal, onde se depara com muitas situações inusitadas, ou seja, ao chegar era uma noite escura e chuvosa, toma um táxi e nas ruas por onde passa tudo lhe é estranho, o táxi segue e nada lhe é familiar. Ao encontrar um lugar onde consegue hospedagem, este permanece indiferente a realidade, tudo o que faz é acordar tarde e ir até o portão para pegar o jornal, e o que ler é apenas as manchetes que o governo dá e isso para Reis não é normal.
Pois na realidade Portugal está se reerguendo das ruínas da guerra, há muita miséria, pobreza e alienação, e Reis é mais um alienado na história, porque não consegue ver além dos jornais, sua visão se limita a um quarto. O personagem construído por Saramago é alguém movido pelas experiências passadas e esse apego é que faz com que Reis se torne patriótico e temente ao governo.
A obra mostra um personagem incapaz de se despir das idéias passadas e ver que tudo ao seu redor está acabado, ele não consegue ver porque está preso ao passado, suas experiências o perturbam constantemente. Entre tantos fatos que acontece no romance Saramago articulou uma maneira de Ricardo Reis “morrer”, através das várias aparições de Fernando Pessoa, em uma delas o personagem é levado por este em direção ao cemitério, ou seja, à morte.
O romance é uma narrativa direta, não há divisão de capítulos o que exige uma leitura atenta e mais detalhada, para não perder o foco, sendo que Saramago detalha minuciosamente cada fato narrado. no decorrer da leitura é possível aplicar uma das propostas sugeridas por Ítalo Calvino em seu livro sobre Seis Propostas para o Próximo Milênio, que é a visibilidade da leitura.
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