ANÁLISE SOBRE O DIALOGISMO E A INTERTEXTUALIDADE ENTRE OS ESCRITOS:MONTE CASTELO, I CORÍNTIOS e CAMÕES

LAURA CAROLINA DE  PAIVA,OCIRENE MUNIZ ALCÂNTARA

A música Monte Castelo faz um dialoga com os textos de Camões e uma passagem bíblica de I Coríntios, onde aborda o mesmo tema; o Amor. E esse sentimento supremo que o autor utiliza em sua música mostrando as diversas formas de amor, fazendo uma costura dos dois textos que falam desse sentimento universal, de que maneira esse sentimento é vivenciado pelo homem. A música faz um diálogo com o texto bíblico que argumenta a elevação do amor, o amor verdadeiro, amor bondoso, amor paciente, se não existisse esse amor entre os homens, à doação pelo outro, a caridade entre os homens, o amor não teria sentido: Segundo a passagem bíblica a forma de amor é suprema:

“Ainda que eu falasse a língua dos homens e dos anjos se não tiver caridade, sou como o bronze que soa, ou como o címbalo. que retine”.

O amor segundo o texto da bíblia apresenta o amor como algo supremo, mesmo que fale desse amor em várias línguas dos homens e dos anjos, mas sem a entrega da doação, beneficência, confiança, um amor recíproco esse sentimento não seria verdadeiro. .Na música Monte Castelo o primeiro verso da música dialoga exatamente esse sentimento:

“Ainda que eu falasse a língua dos homens

E falasse a língua dos anjos

Sem amor eu nada seria”.

Para o autor nada valeria se comunicar com os anjos sem ter o sentimento do amor, que é um passo para a felicidade, o amor mútuo para se alcançar a paz. A forma como o autor consegue traçar os textos em sua música fazendo um diálogo do mesmo sentimento entre os três que falam do amor de maneiras diferenciadas. O primeiro diálogo com o texto bíblico, o amor entre os homens falando desse amor de caridade. O segundo diálogo com o soneto de Camões que discorre um sentimento duplo: confuso e controverso:

O amor é fogo que arde sem se ver

É ferida que dói e não se sente

É um contentamento descontente

É dor que desatina sem doer.

É perceptível o sentimento de dor e de belo, pois ao mesmo tempo em que o amor é um júbilo de felicidade também fere e perde o juízo. Há uma controvérsia de sentimentos, um amor não correspondido podendo até ser idealizado.

Renato faz uma intertextualidade na sua música com Camões quando fala desse amor profundo e polêmico. Um sentimento que não se cansa de buscar por sua felicidade mesmo sofrendo, mas essa é uma das formas de amar, Talvez a dor seja uma forma de entrega de amar, uma das formas de amar que o homem vive Diferente do primeiro texto de Coríntio que apresenta um sentimento de amar pela caridade, um amor pleno. É notável essa passagem da música de Renato com o soneto de Camões no terceiro verso que apresenta o amor do homem e mulher:

É um não querer mais que bem querer.

É um solitário andar por entre a gente

É um não contentar-se de contente

É cuidar que se ganha em se perder

No quarto verso de Camões apresenta um amor á amizade, um sentimento voltado á amizade entre os homens:

Mas como causar pode seu favor

Nos corações humanos amizade,

Se tão contrário a si é o mesmo Amor.

A diferença que ocorre na música Monte Castelo entre o primeiro verso e terceiro fazendo um recorte entre o texto bíblico e de Camões, mostrando duas diferentes formas de amor. O primeiro verso refere-se o amor recíproco, o terceiro fala de um amor profundo e controverso, e entre eles no segundo verso Renato Russo apresenta outra forma de amor; o amor da verdade. Por meio do amor é possível conhecer a verdade. Um sentimento que apresenta as duas faces; do bem e do mal. O amor verdadeiro, puro onde se perpetua o verdadeiro sentimento, sem espaço para a inveja e ostentação. O que é a verdade entre os homens, quando se conhece esse sentimento, se tem total exatidão, ou a plena realidade do que é o amor. Simplesmente um sentimento que se eterniza perante as verdades. Vejamos no segundo verso da música a afirmação do amor perante a verdade:

É só o amor, é só o amor.

Que conhece o que é verdade

O amor é bom, não quer o mal.

Não sente inveja ou se envaidece

A música do inicio ao fim perpetua o sentimento nobre que é o amor, seja celestial, fraterno, homem e mulher, ou uma simples amizade, porém a música evidencia que só o amor é a única maneira de alcançar plena felicidade. E o compasso de sentimentos entre Camões, Bíblia e os trechos de Renato Russo descrevem o mesmo sentimento, mas com emoções e verdades diferentes, cada sentimento com sua força perante o homem. Amamos várias pessoas e coisas de diversas formas, cada um de um jeito e intensidade. Portanto o amor há várias formas de se expor, depende como é vivenciado.